sábado, 27 de agosto de 2011

Catherine (conto)


E como todos os outros dias ela passou exatamente às dezesseis horas pela rua três com um dos seus vestidos florais e uma sapatilha baixa. Quase nunca a via de salto alto, porém ela era bem pequena. Parecia que não se importava com o que os outros pensavam sobre sua altura.
Sempre ficava a esperando na minha janela com um binóculo e uma câmera fotográfica. Alguns se vissem essa cena poderiam me chamar de maluco ou até de psicopata, mas a penas sou um menino tímido que é loucamente apaixonado por Catherine.
 Sua gentileza e simpatia conquistavam cada pessoa da vizinhança. Olhá-la era como viver em um filme em que sua canção preferida fosse à trilha sonora. Meu coração acelerava só de pensar em tê-la para mim.
Um dia quem sabe eu criaria coragem para descer desse quarto escuro e com cheiro de mofo, e falarei com ela. Um dia nós podemos talvez ser amigos... Ou talvez um pouco mais que isso. Porém enquanto deixo minha cabeça fantasiar esse sonho tão magnífico, ficarei aqui sentado só a esperando passar.
Após anos sempre a esperando passar, chegou o dia. O dia em que Catherine não passou na hora exata. Não foi como se ela tivesse atrasada ou algo parecido. Ela nunca mais passaria por aquela rua novamente, pois havia sofrido um acidente na noite anterior.
 Eu nunca iria poder ouvir sua voz, sentir o sabor de seus lábios ou dizer o quanto a amava.  Eu a havia perdido. Uma voz no meu subconsciente sussurrou as palavras que mais poderiam machucar naquele momento “Não se pode perder o que nunca foi seu”.
Não importa se ela nunca havia sido minha de verdade. Na minha cabeça nós tínhamos uma ligação. Éramos destinados a ficar juntos. Mas nunca ninguém soube disso. Isolei-me mais ainda do mundo depois que ela partiu. Só conseguia observar aquela rua por qual Catherine passou anos e anos sorridente.  
Ela foi minha sim. E sempre será. Até o meu coração parar, Catherine me pertence. Ela foi e será o amor de minha vida. 




Autora: Juliana Ramos

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