sábado, 20 de novembro de 2010

Circo

Dia 14 de setembro do ano de 1995 acordei e me arrumei animada. Iria ao circo pela primeira vez com meu pai e a mãe. Naquela época tinha somente cinco anos de idade e não tinha noção de nada praticamente. Assim que entramos pelo portão da praça onde estava o picadeiro com suas maravilhosas atrações. Perguntei para meu pai se não era assustador lá dentro, ele respondeu que eu estava com ele e ele me protegeria.
Sentamos na arquibancada e a primeira coisa que vi quando olhei para frente foi um elefante gigante com um homem em cima dele. O moço fazia malabares com bolas e o outro ao seu lado estava em cima de duas pernas de madeira cuspindo fogo. Quando finalmente o espetáculo começou fiquei vidrada com os diferentes tipos de nuances. Vários tipos de animais e pessoas diferentes. Mulher com barba, anões e até mágicos. Era tudo muito emocionante para uma pequena menininha de cinco anos.
Minha mãe morreu dois dias depois de infarto. Meu pai ficou muito abalado com tudo e nunca mais quis me levar ao circo que era onde tinha as ultimas lembranças felizes dela. Cresci e um dia na minha adolescência vi um cartaz que dizia que o circo estaria de volta na cidade. Sabendo que meu pai não iria querer ir, peguei o dinheiro do meu cofre e fugi à noite.
Cheguei ao circo e comprei um enorme algodão doce. Sentei e esperei que a magia do ar reinasse pela minha alma e me fizesse feliz como naquele dia 14 de setembro. Lágrimas corriam pelo meu rosto enquanto eu lembrava as cenas daquele dia. Sabia que minha mãe sempre estaria ao meu lado e que se estivesse viva, iria me querer feliz. Ri, chorei e aproveitei cada segundo do espetáculo. No fim, valeu à pena ter sentido a mágica novamente.


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